Vygotsky e a aprendizagem

     Lev Semenovitch Vygotsky (17 de Novembro de 1896, Orsha — 11 de Junho de 1934, Moscou) foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios académicos ocidentais depois da sua morte, causada por tuberculose, aos 37 anos. Pensador importante, foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e das suas condições de vida (económicas, sociais, afectivas, etc.).

 

    A Aprendizagem

    As obras de Vygotsky incluem alguns conceitos que se tornaram incontornáveis na área do desenvolvimento da aprendizagem. Um dos conceitos mais importantes é o de Zona de Desenvolvimento Proximal, que se relaciona com a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha e aquilo que, embora não consiga realizar sozinha, é capaz de aprender e fazer com a ajuda de um mediador. Um mediador é algo (livro, computador…) ou alguém que nos explica alguma coisa que a pessoa, neste caso criança, ainda não conseguiu aprender por ela própria, ou seja, é o elo de ligação entre a criança e o conhecimento. A zona de desenvolvimento proximal é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. Este conceito será, posteriormente desenvolvido por Jerome Bruner, sendo hoje vulgarmente designado por "etapa de desenvolvimento".

    Nesta área, educacional, a influência de Vygotsky está a crescer cada vez mais, dando origem a experiências diversas. No entanto, não existe um método Vygotsky. Como Piaget, o psicólogo bielo-russo é mais uma fonte de inspiração do que um guia para os psicólogos e pedagogos.

    Instrumentos Simbólicos

    Para Vygotsky, os símbolos, ou seja, a linguagem simbólica desenvolvida pela espécie humana, têm um papel similar ao dos instrumentos. Tanto os instrumentos de trabalho como os símbolos são construções da mente humana que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade. Devido a esta similaridade, Vygotsky denominava os símbolos de instrumentos simbólicos, com especial atenção à linguagem, que para ele configurava um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos e foi elaborado no curso da evolução da espécie e da sua história social.

    A Linguagem

    A linguagem é uma espécie de cabo de vassoura muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos da nossa actividade. Quando aprendemos a linguagem específica do nosso meio sociocultural, transformamos radicalmente os rumos do nosso próprio desenvolvimento. Assim, podemos verificar como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito psicológico.

    Uma contribuição vygotskiana de relevo sobre este tema foi a relação que se estabelece entre pensamento e linguagem, desenvolvida no seu livro "Pensamento e Linguagem". Entre as suas contribuições sobre este tema destacam-se a formação de conceitos, ao qual dedica dois capítulos do referido livro, e a compreensão das funções mentais enquanto sistemas funcionais, sem localização específica no cérebro e de grande plasticidade e dinâmica, variando ao longo da história da humanidade e do desenvolvimento individual. Esta concepção foi posteriormente bem desenvolvida e demonstrada do ponto de vista neuropsicológico pelo seu discípulo e colaborador A. R. Luria.

 

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